Já ouviu falar em Síndrome de Burnout?

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Síndrome de Burnout

Já ouviu falar em Síndrome de Burnout?

Recentemente incluída na lista de doenças da OMS, os números da Síndrome de Burnout tem crescido cada vez mais entre os profissionais. Muitos profissionais podem estar sofrendo desse mal e muitas vezes nem sabem. Entenda melhor.

 

Os números no Brasil

Pesquisa realizada pela International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR), com mil profissionais de São Paulo e Porto Alegre, com idades entre 25 a 60 anos, revela que no Brasil o problema atinge 30% da população economicamente ativa (PEA). Os dados mostram ainda que, dos 30% dos entrevistados que sofrem de burnout, 94% se sentem incapacitados para trabalhar; 89% praticam presenteísmo – significa que estão presentes no trabalho, mas não conseguem realizar as tarefas propostas -, e 47% sofrem de depressão.

 

O estudo fez ainda um comparativo do desempenho profissional de um portador de burnout com o dos demais trabalhadores: em média, é de cinco horas a menos. Entre os sintomas do burnout que mais incomodam, 93% alegam a exaustão; 86%, a irritabilidade; 82% a falta de concentração e 74% enfatizam a dificuldade de relacionamento no ambiente profissional.

 

Os números são preocupantes

  • 30% da população economicamente ativa é atingida pelo problema;
  • 30% dos entrevistados que sofrem de burnout;
  • 94% se sentem incapacitados para trabalhar;
  • 89% praticam presenteísmo;
  • 47% sofrem de depressão;
  • 93% alegam a exaustão;
  • 86%, a irritabilidade;
  • 82% a falta de concentração e
  • 74% enfatizam a dificuldade de relacionamento no ambiente profissional

 

O que é Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são emocionalmente exigentes e/ou estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade, especialmente nas áreas de educação e saúde.

 

A principal causa da doença, conhecida também como “Síndrome do Esgotamento Profissional”, é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. Traduzindo do inglês, “burn” quer dizer queima e “out” exterior.

 

Sua principal característica é o estado de tensão emocional e estresse crônicos provocado por condições de trabalho físicas, emocionais e psicológicas desgastantes. A síndrome se manifesta especialmente em pessoas cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso.

 

Profissionais das áreas de educação, saúde, assistência social, recursos humanos, agentes penitenciários, bombeiros, policiais e mulheres que enfrentam dupla jornada correm risco maior de desenvolver o transtorno.

 

síndrome de burnout – que foi incluída na próxima edição da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que passará a valer em 2022. A lista, elaborada pela Organização Mundial da Saúde(OMS), inclui doenças mas também outras condições de saúde, como síndromes (conjunto de sintomas). A síndrome de burnout não foi classificada como uma doença na CID, mas, sim, como um “fenômeno” ligado ao trabalho que afeta a saúde.

 

Vídeo: Anestesistas estão entre os profissionais com maior risco de burnout.

 

 

Quais são os sinais e sintomas da Síndrome de Burnout?

A Síndrome de Burnout envolve nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença.

 

Outros sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são:

  • Cansaço excessivo, físico e mental.
  • Dor de cabeça frequente.
  • Alterações no apetite.
  • Insônia.
  • Dificuldades de concentração.
  • Sentimentos de fracasso e insegurança.
  • Negatividade constante.
  • Sentimentos de derrota e desesperança.
  • Sentimentos de incompetência.
  • Alterações repentinas de humor.
  • Isolamento.
  • Fadiga.
  • Pressão alta.
  • Dores musculares.
  • Problemas gastrointestinais.
  • Alteração nos batimentos cardíacos.

 

Profissões mais afetadas

A síndrome de burnout pode afetar qualquer profissão. Grandes candidatos a desenvolver o problema são os famosos workaholics, aquelas pessoas que vivem para o trabalho e possuem níveis de exigência muito altos com ideias perfeccionistas. Profissões que apresentam um impacto direto na vida de outras pessoas podem ser mais afetadas.

 

Veja se a sua área está na lista:

  • Profissionais da saúde em geral, principalmente, médicos e enfermeiros;
  • Jornalistas;
  • Advogados;
  • Professores;
  • Psicólogos;
  • Policiais;
  • Bombeiros;
  • Carcereiros;
  • Oficiais de Justiça;
  • Assistentes sociais;
  • Atendentes de telemarketing;
  • Bancários;
  • Executivos.

 

Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Burnout?

O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feita por profissional especialista após análise clínica do paciente. No entanto, muitas pessoas não buscam ajuda médica por não saberem ou não conseguirem identificar todos os sintomas e, por muitas vezes, acabam negligenciando a situação sem saber que algo mais sério pode estar acontecendo.

 

Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda. O psiquiatra e o psicólogo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma do tratamento, conforme cada caso.

 

No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) está apta a oferecer, de forma integral e gratuita, todo tratamento, desde o diagnóstico até o tratamento medicamentoso. Os Centros de Atenção Psicossocial, um dos serviços que compõe a RAPS, são os locais mais indicados.

 

Como tratar a Síndrome de Burnout?

O tratamento da Síndrome de Burnout é feito basicamente com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos). O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso.

 

Mudanças nas condições de trabalho e, principalmente, mudanças nos hábitos e estilos de vida. A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros, para aliviar o estresse e controlar os sintomas da doença. Após diagnóstico médico, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas – amigos, familiares, cônjuges etc.

 

 

Como prevenir a Síndrome de Burnout?

A melhor forma de prevenir a Síndrome de Burnout são estratégicas que dimunuam o estresse e a pressão no trabalho. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento da doença, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início.

 

As principais formas de prevenir a Síndrome de Burnout são:

  • Defina pequenos objetivos na vida profissional e pessoal.
  • Participe de atividades de lazer com amigos e familiares.
  • Faça atividades que “fujam” à rotina diária, como passear, comer em restaurante ou ir ao cinema.
  • Evite o contato com pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros.
  • Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo.
  • Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada, corrida, bicicleta, remo, natação etc.
  • Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental.
  • Não se automedique nem tome remédios sem prescrição médica.

 

Recomendações para pacientes com a Síndrome de Burnout

  • Não use a falta de tempo como desculpa para não praticar exercícios físicos e não desfrutar momentos de descontração e lazer. Mudanças no estilo de vida podem ser a melhor forma de prevenir ou mesmo tratar a síndrome de burnout;
  • Conscientize-se de que o consumo de álcool e de outras drogas para afastar as crises de ansiedade e depressão não é um bom remédio para resolver o problema;
  • Avalie quanto as condições de trabalho estão interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e mental;
  • Avalie também a possibilidade de propor uma nova dinâmica para as atividades diárias e objetivos profissionais;
  • Ouça a opinião de seus familiares, amigos e colegas: Quem tem burnout, muitas vezes não percebe;
  • Não hesite em procurar ajuda profissional. A saúde mental é tão importante quanto a física.

 

Perguntas frequentes sobre a Síndrome de Burnout

Tenho receio de relatar meu estado ao RH e sofrer alguma punição. O que fazer?

A principal recomendação é procurar primeiramente atendimento médico ou psicoterápico. Ao relatar esse temor, o profissional poderá conduzir o caso de forma que você não seja prejudicado.

 

Portadores de burnout têm direito a licença médica?

Sim. Pela legislação atual, portadores de burnout têm esse direito e, em casos considerados graves, até à aposentadoria por invalidez.

 

Qual profissional devo procurar?

Um psicoterapeuta ou psiquiatra. Ele pode receitar terapia cognitiva comportamental ou outro tipo de atendimento psicológico. Eventualmente, medicamentos entram em cena, com o uso de antidepressivos.

 

Existe tratamento no SUS?

O tratamento para problemas relacionados a transtornos mentais é oferecido de forma integral e gratuita por meio SUS. Basta procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS), responsável pelo primeiro atendimento ao paciente, e o caso será encaminhado aos centros especializados para cada tipo de atendimento.

 

Quando desconfiar que uma pessoa está passando por problemas de esgotamento profissional?

Geralmente conseguimos notar quando uma pessoa está estressada além da conta no trabalho. Repare se há exagero no uso de estimulantes, como café, refrigerante e cigarro para permanecer alerta. O uso de álcool como forma de relaxamento também pode aumentar, e quem convive com o paciente muitas vezes é capaz de perceber a mudança no consumo.

 

 

Síndrome de Burnout na Enfermagem

enfermeira sorrindo para paciente

Enfermeira sorrindo para paciente

 

Benetti (2009), refere que o trabalho nem sempre é prazeroso devido ao aumento diários da complexidade da prestação de serviços. Que o convívio direto com o sofrimento, a dor e a morte; a diminuição do valor social e profissional; a carência de recursos e a sobrecarga de trabalho são fatores predisponentes para a ocorrência do Burnout.

 

Jodas (2009), coletou dados em uma unidade de emergência de um hospital público onde a maioria dos entrevistados foi de técnicos de enfermagem, e constataram que grande parte dos entrevistados possuía risco para o desenvolvimento de Burnout, vários profissionais possuíam sintomas como dores pelo corpo, sentimento de faltar tempo para si, dificuldades com o sono e sentimento de cansaço mental.

 

Como sugestão, Lunardi (2011), refere que para a saúde do exercício são fundamentais que existam dialogo aberto entre as chefias e as enfermeiras, procurando medidas para o alívio das frustrações, promover que os profissionais estejam próximos ao desenvolvimento de políticas organizacionais, realização de atividades grupais e educação continuada.

 

Descrito como um paradoxo, o cuidado de enfermagem que expresso de forma sublime aliviando o sofrimento do próximo, quando o sofrimento inicial está intrínseco no profissional de enfermagem devido a vários fatores como já relatados (interação interprofissional decadente, insatisfação laboral, etc).

 

 

Considerações Finais para quem é da área da saúde

No nosso cotidiano convivemos com vários profissionais que não estão felizes com seu emprego devido a instituição não atender suas expectativas iniciais, aonde os leva a freqüentemente ir em busca de outras oportunidades de serviço, levando a um turn over elevado. Assim também podemos citar aqueles colegas de trabalho que usam os filhos como “muletas” para faltar ao serviço (não teve com quem deixar, o filho ficou doente), então sempre estão com atestados médicos, falta no trabalho e rebeldia quando comparece ao trabalho. Seria essa uma forma de acometimento por Burnout, porém que pode se tornar um “círculo vicioso” se não houver intervenção profissional (como auxílio psicológico, da chefia).

 

Em se tratando da assistência de qualidade ao paciente, os profissionais empenhados em realizar um trabalho digno, muitas vezes se esbarram contra barreiras que são de difícil solução devido a políticas organizacionais e o convívio em equipe dificultoso, o que com o passar do tempo traz desmotivação que ocasiona a Síndrome de Burnout. Com isso, se torna necessário que a chefia entre em contato direto com a equipe elaborando planos para motivação e encorajamento profissional.

 


Fontes


 

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